Glúten: porque é inflamatório?

Atualmente temos um “vilão” na alimentação: o glúten.

O que é o glúten?
O glúten é uma proteína presente no trigo, centeio e cevada, que confere uma espécie de “cola” aos alimentos, tais como massas e pão. A aveia, apesar de não conter glúten, pode estar contaminada por ser processada juntamente com estes cereais.

O que acontece no nosso corpo quando o ingerimos?
O nosso intestino tem uma função muito importante, é uma barreira para moléculas indesejáveis. A parede do intestino é composta por junções intercelulares muito coesas de forma a controlar o que entra para a corrente sanguínea.
Mas descobriu-se uma proteína (zonulina), secretada aquando da ingestão de glúten, responsável por modular estas junções celulares, tornando o nosso intestino permeável. A permeabilidade aumentada permite a translocação de moléculas estranhas ao organismo (microbianas e alimentares), que interagem com as células do sistema imunitário, desencadeando um processo inflamatório.
Em muitos casos, o aumento da permeabilidade intestinal parece preceder doenças auto-imunes, como diabetes tipo 1, artrite reumatóide, esclerose múltipla, doenças intestinais, asma, depressão e fadiga crónica.

Se o glúten é assim tão prejudicial, como temos conseguido sobreviver se o ingerimos há tantos anos?
Os cereais que comemos atualmente são diferentes dos cereais há 10 mil anos atrás, devido à modificação genética que sofreram, tendo por isso muito mais glúten.
Quanto mais glúten mais apelativos e “viciantes” são.

Devemos aboli-lo da alimentação?
Quem é alérgico ao glúten (doente celíaco) tem uma sensibilidade permanente ao glúten, devendo excluir estes alimentos.
Quem é intolerante tem dificuldade em digerir esta proteína, não sendo recomendável a sua ingestão.
Quem não tem alergia nem intolerância ao glúten, deve fazer uma ingestão moderada e equilibrada, com a possibilidade de retirar da alimentação se assim se justificar.

Por isso, é importante perceber se existe ou não essa hipersensibilidade, através de análises ao sangue, para não nos intitularmos todos intolerantes ao glúten. Antes de fazer qualquer restrição alimentar, consulte um médico ou nutricionista.