Provavelmente já ouviu falar do jejum associado à perda de peso. Mas hoje, vou falar-lhe da relação com a longevidade.
O que caracteriza o envelhecimento?
– Stress oxidativo, responsável por danificar as células
– Inflamação, um fator de risco para o desenvolvimento de doenças crónicas
– Componentes disfuncionais
– Glicose, insulina e IGF-1 elevados (simplificando: quanto mais come mais são produzidos)
De que forma o jejum contraria esses efeitos?
A restrição calórica associada a vários protocolos de jejum intermitente, parece ser o elemento promissor da longevidade.
Como?
– Induz a autofagia, um processo pelo qual as células degradam e reciclam os seus componentes, garantindo a sua funcionalidade e sobrevivência
– Reduz a inflamação
– Estimula o sistema imune que se torna lento e ineficaz com o envelhecimento.
Se reparar, com o jejum contorna-se os 4 factores mencionados acima.
A autofagia, tem sido um dos processos mais estudados nos últimos tempos, por funcionar quase como um check-up e limpeza do nosso corpo, contribuindo para eliminar o que não se encontra em condições de permanecer. Sendo o envelhecimento sinónimo de declínio e disfuncionalidade, precisamos que o nosso corpo esteja altamente eficaz neste processo, que já ocorre naturalmente, mas se puder ser induzido melhor.
Então quanto mais horas de jejum melhor?
Não necessariamente. Desengane-se se acha que ficar em jejum eternamente terá mais benefícios (até porque morria). É de extrema importância que o quebre.
Descobriu-se que o período de realimentação tem tanta importância como o jejum, pois funciona como combustível para o processo de regeneração de órgãos, células e componentes celulares.
E posso comer o que quiser?
Constatou-se a importância de associar a restrição calórica ao equilíbrio de nutrientes no período de ingestão, para maximizar o efeito pretendido, até porque sabemos que a melhoria da alimentação isoladamente é uma das principais causas do aumento da esperança de vida. Uma das lacunas do conhecimento é a determinação do equilíbrio ideal de nutrientes na dieta, ou seja a proporção em que devem estar.
É uma estratégia sólida pela evidência científica existente?
Não em todos os aspectos.
É ainda necessário compreender a exata duração do jejum a partir do qual apresenta eficácia, assim como avaliar o risco em relação ao benefício, pois implementar esta estratégia, por exemplo em população idosa já debilitada, pode acarretar alguns efeitos colaterais e prejudicar ainda mais o estado em que se encontra.
Mas atenção que não recomendo esta estratégia alimentar sem uma avaliação prévia. Para além de que a investigação ainda é muito pouco sólida para ser aplicado como recomendação geral.